A partir de um mapeamento dos principais eventos fotográficos realizados pelo Instituto Nacional de Fotografia da FUNARTE – Infoto, este projeto tem por objetivo construir uma cronologia da fotografia no Brasil, entre os anos 1979 e 2000. Trata-se de um projeto investigativo que pretende não apenas reunir e sistematizar informações sobre o período, como também contribuir para a criação de narrativas históricas para a fotografia brasileira.
No amplo inventário de pesquisa aqui proposto, consideramos relevante perceber o fortalecimento da fotografia como meio de expressão, tanto em instituições públicas e privadas, quanto em mostras coletivas e, principalmente, as Semanas Nacionais de fotografia realizadas pela Funarte, eventos que muito contribuíram para o desenvolvimento de um pensamento sobre a fotografia moderna, a fotografia jornalística e o fotodocumentarismo contemporâneo, além da fotografia expandida em outros suportes. Trata-se de momentos peculiares da história que fazem parte da história visual do Brasil que nos ajudam a escrever essa importante narrativa da fotografia brasileira.
A partir do material coletado e sistematizado, alimentaremos também o banco de Imagem
Descrição: Trata-se de repertoriar e de analisar uma série de obras concebidas a partir da fotografia, do vídeo e do cinema, produzidas por artistas brasileiros e argentinos contemporâneos. Portanto, de investigar, no campo da produção artística e do pensamento crítico, as reconfigurações produzidas pelas recentes inovações tecnológicas, em especial o trânsito das imagens e a flexibilização dos modos de inscrição temporal observados nas instalações multimídia.
Descrição: A fotografia contemporânea integra um amplo cenário de miscigenações entre seres, meios e materialidades, no qual as questões apresentadas parecem indicar a criação de um novo regime de visibilidade onde predominam os fluxos, as instabilidades e as multiplicidades. Nesse contexto, observamos uma geração de artistas voltada para o cotidiano das ruas das grandes cidades, retomando o debate sobre os nossos condicionamentos diários e as suas possibilidades de transgressão e ruptura. De modo geral, são trabalhos que se apropriam da realidade e de um certo modo de representar o cotidiano urbano, para transformá-lo. Seja como repetição, hábito, deriva, espera ou performance, o cotidiano das grandes cidades nos oferece variadas possibilidades de experiência com a imagem, que nos permitem rever nosso atual regime de visibilidade e as subjetividades a ele relacionadas. Nossa proposta é observar os diferentes modos de experimentar o cotidiano urbano através da fotografia contemporânea.
Descrição: O objetivo da pesquisa em Paris é mapear, estudar e entrevistar não só artistas contemporâneos franceses, mas também estrangeiros que estão trabalhando a partir do gênero autorretrato e retrato no atual momento e que visem, sobretudo trazer o retrato para o lugar não somente de representação a serviço de uma identidade fixa, mas que estão potencializando o gênero como afirmação estético-política, a exemplo da portuguesa Grada Quilomba, do francês Olivier Culman e do senegalês Omar Victor Diop, entre muitos outros.A intenção é somar o mapeamento da produção francesa e internacional à produção brasileira já em andamento através de pesquisas anteriores mencionadas e realizadas.
O projeto Narrativas do Cotidiano: fotografia e experiência na contemporaneidade, desenvolvido pelo Laboratório de Fotografia da Central de Produção Multimídia da Escola de Comunicação da UFRJ teve como principal objetivo incentivar o desenvolvimento de práticas fotográficas que abordassem, de variadas maneiras, a relação entre fotografia e cotidiano. Foi um projeto coletivo voltado para a produção de ensaios fotográficos que tratassem o cotidiano e suas múltiplas possibilidades narrativas.
A primeira etapa do projeto teve como objetivo dar a ver um amplo panorama das múltiplas abordagens do cotidiano dentro da fotografia contemporânea. A partir dessa pesquisa, o projeto discutiu as propostas apresentadas pelos integrantes do Laboratório de Fotografia no intuito de colaborar tanto para o seu desenvolvimento prático quanto para as suas possibilidades de articulação teórica. Os resultados parciais das realizações fotográficas foram discutidos nas reuniões do grupo, sempre quinzenais.
O projeto Narrativas do Cotidiano incentivou o desenvolvimento de práticas fotográficas que abordem, de variadas maneiras, a relação entre fotografia e cotidiano. Tratou-se de um projeto coletivo voltado para a produção de ensaios fotográficos que tratem o cotidiano e suas múltiplas possibilidades narrativas. A proposta compreende propostas de trabalhos dos alunos de fotografia:Bárbara Bergamaschi, Derek Mangabeira (bolsista de Iniciação cientírica), Daniel Corrêa (bolsista de Iniciação cientifica), Ivo Nogueira (discente), Thiago Barros (discente) Rafael Turati, dos professores adjuntos Victa de Carvalho e Teresa Bastos, e dos alunos de pós-graduação: Luciana Guimarães, Diego Paleólogo, Jane Maciel e Elane Abreu. Cada um dos participantes desenvolveu um ensaio fotográfico a partir das questões e práticas que envolvem o cotidiano, o banal e o comum.
O projeto foi criado por Victa de Carvalho, e contou com a ajuda de Antonio Fatorelli, Teresa Bastos e Jane Maciel para o seu desenvolvimento. Com apoio da Faperj (APQ1) foi possível adquirir diversos equipamentos para a CPM ECO/UFRJ.
Além da parte prática, o projeto implementou um grupo de estudos voltado para as questões que envolvem fotografia e cotidiano, além da publicação de 6 artigos em periódicos qualificados da área.
A proposta inicial do projeto consistia em retratar pessoas que moram, trafegam ou trabalham nas proximidades do bairro de Fátima, zona Central do Rio de Janeiro. A intenção era produzir retratos não com objetivo jornalístico ou documental, mas a partir da desconstrução do tom biográfico com que normalmente o gênero portrait fotográfico é praticado. A ideia era unir o gênero retrato com o tema do cotidiano.
Após várias incursões diurnas, normalmente aos sábados, (de fevereiro a junho 2012) no início da tarde, tentou-se retratar personagens no sentido de diluí-los a tal ponto que seus traços, suas identidades mais marcantes não pudessem ser diferenciados. Não foram também estabelecidas relações com os fotografados. Ao ficar em determinado ponto da rua depois de horas fotografando, a sensação que se teve foi a de que a presença da câmera ficou naturalizada pelos fotografados. Neste aspecto, a experiência também foi interessante, à medida em que em todas as saídas a fotógrafa não recebeu nenhuma recusa por parte dos fotografados. A maioria deles percebeu a câmera, mas não se negou a emprestar sua imagem para ela.
Nas ruas das grandes cidades, o que na verdade temos sido? Cada vez menos indivíduos na multidão e mais figuras na paisagem urbana. Somos todos anônimos, sem rostos detalhados, corpos que se movimentam e pulsam, cores que se destacam, cheiros que inebriam ou se diluem no ar. Tipos reconhecidos por nossas roupas, nossos objetos, a maneira como nos apresentamos e vivemos o cotidiano.
Através do uso de sensibilidade e velocidade baixas, esta última entre 8 e 10 segundos, a escolha de um ponto fixo de fundo e ponto de vista frontal e bem próximo às pessoas, foi possível realizar as imagens em que elas ora se parecem vultos, ora se transformam em cores e formas. O borrado provocado pela velocidade baixa reforça a noção de anonimato nos rostos das pessoas e transmite a sensação de tempo estendido, também trazendo um real esgarçado, um cotidiano comum, mas abstrato.
O trabalho teve como inspiração a obra do fotógrafo americano Saul Leiter (1923) que nos anos 60 registrou pessoas nas ruas das cidades dos Estados Unidos e Europa em colorido saturado e baixa velocidade, trazendo lirismo e poesia para a interpretação do olhar cotidiano.
O bairro de Fátima fica próximo ao Centro e à Zona sul, nos arredores da Lapa. Não há praticamente registros sonoros ou visuais sobre ele. É um bairro considerado “popular”, rico em personagens contrastantes, onde passam a coabitar antigas gerações de descendentes de imigrantes que vieram para o Brasil no início do século XX e novos profissionais liberais, artistas, escritores e intelectuais. É um bairro que emerge para o crescimento imobiliário, valorizado pela sua localização, mas que passa despercebido pelo poder público e pelos próprios cariocas.
A fotografia, desde a primeira imagem realizada, faz emergir questões acerca do tempo, da presença e ausência. A suspensão do momento, o gesto de produzir outro tempo, instiga o olhar e permite diferentes formas de ver e se relacionar com o real. No caso do auto-retrato, essas questões são tensionadas através da presença do corpo do próprio fotógrafo; há uma espécie de inversão cíclica no processo: o olhar incide sobre o próprio corpo através da câmera. A fotografia possibilita a produção de diversas formas de presença e administração do “eu”.
O objetivo deste trabalho é investigar como o corpo e o cotidiano podem se transmutar, através da fotografia, em monstruosidades, em estranhamentos. Os gestos mais comuns, as expressões mais corriqueiras – todo o aparato de normalidade que nos cerca e entre o qual transitamos sem questionar – assumem, quando deslocados, visibilidades estranhas, construções imagéticas que não possuem referência exata no imaginário visível. O auto-retrato cotidiano assume um lugar de destaque, uma vez que busca o gesto do dia-a-dia e encontra-se irreversivelmente direcionado, produzido para a fotografia; é também uma imagem na qual o fotógrafo se reconhece e se estranha, uma vez que está radicalmente deslocado.
Uma breve pesquisa etimológica da palavra “cotidiano”[1] nos aponta para a ideia de algo que é “de cada dia”. Neste sentido, daquilo que se repete a cada dia, a noção de cotidiano envolve necessariamente a existência de algo que não cessa de retornar ao campo de visibilidades e percepções de cada indivíduo, passando desta forma a se repetir em sua vida diária. Contudo, quando surge um novo elemento neste jogo de visibilidades, em que medida ele será percebido como não pertencente a ordem das coisas cotidianas e em que medida ele passará a fazer parte desta mesma ordem?
Esta narrativa visual busca refletir, a partir da apropriação de imagens da ferramenta de geolocalização Google Street View, sobre a experiência do cotidiano da cidade, não por meio de acontecimentos únicos e extraordinários, mas por meio de um conjunto de elementos banais e comuns. Tomando o cotidiano como duração, isto é, como um processo temporal, nesse conjunto estariam o ato de transitar pela cidade e o ato de esperar.
Esta narrativa visual busca refletir, a partir da apropriação de imagens da ferramenta de geolocalização Google Street View, sobre a experiência do cotidiano da cidade, não por meio de acontecimentos únicos e extraordinários, mas por meio de um conjunto de elementos banais e comuns. Tomando o cotidiano como duração, isto é, como um processo temporal, nesse conjunto estariam o ato de transitar pela cidade e o ato de esperar.
O objetivo da pesquisa é investigar as possíveis narrativas suscitadas pelo vazio. Mais especificamente, pretende-se explorar os espaços cotidianos cariocas diante da ausência de personagens visíveis. Dessa forma, o projeto visa a fotografar lugares que permeiam o imaginário do Rio de Janeiro e que são facilmente reconhecíveis tanto por moradores da cidade quanto por estrangeiros, porém sem nenhuma figura humana presente. Acredita-se que o estranhamento causado pelo vazio vá despertar no observador a necessidade de criação de uma narrativa que se desenvolva a partir das imagens.
Outro ponto a ser explorado é a possibilidade de criação de narrativas fragmentadas por meio da inserção de elementos cujo aparecimento não é esperado nos espaços em questão. De modo mais específico, o intuito é usar esse recurso como forma de enfatizar o impulso do observador de criar uma história tendo como ponto de partida as fotografias. Há de se ressaltar a importância da participação do observador no trabalho, pois os enredos propostos, que não se pretendem organizados segundo uma estrutura narrativa convencional, somente nascem a partir do momento em que este se dispõe a criá-las.
Com a função de medir e registrar a quantidade de energia elétrica consumida, os relógios de luz se multiplicaram nas fachadas das casas, onde se apresentam como um elemento destacado do conjunto. Quanto menor o imóvel, mais ele se evidencia, geralmente com sua proteção acrílica que perde o seu brilho devido a luz do sol. Em alguns casos pinta-se a fiação ou o próprio corpo do relógio com a tinta usada na parede, tentando integra-lo na fachada.
As fotos foram realizadas no Catumbi, bairro central no Rio de Janeiro, onde se encontram várias casas e sobrados em um mal estado de conservação. Muitas vezes o relógio contrasta com a degradação do imóvel e outras vezes parecem compor um conjunto harmônico ao lado de antenas parabólicas, esquadrias de alumínio e grades.
Símbolo de inserção na formalidade, o relógio de luz faz a ligação entre a vida privada dos moradores do imóvel e o Estado, que mede e cobra pelo serviço, produzindo uma relação de dependência. Manifesta-se o paradoxo do poder provedor, que democratiza o acesso a benefícios tornados básicos na dinâmica da vida contemporânea, repleta de aparatos tecnológicos. Ao mesmo tempo, a série de fotografias apresenta, através da nitidez das marcas deixadas nos imóveis ao longo de sua vida e das diversas reformas sofridas, os limites do investimento cotidiano em dimensões éticas e estéticas fundamentais.
Sou a casa o interior desse territorializadamente estou sendo o longe cada vez mais próximo de onde chegarei pois nunca saí desse ir guardamos lembranças mais que as caixas
Fotografia, Imagem e Pensamento – FIP
Escola de Comunicação – ECO/UFRJ
Central de Produção Multimídia – CPM ECO/UFR
Av: Pasteur, 250 – fundos. Rio de Janeiro/RJ
contato: fotografia@eco.ufrj.br